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Arquitetos: A Threshold
- Área: 165 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Edmund Sumner
Descrição enviada pela equipe de projeto. Kaggalipura é uma pequena cidade situada a 40 km ao sul de Bangalore, Índia. A fazenda de 12 mil metros quadrados possui um grande pomar onde frutas como manga, banana, côco, abacate e jaca são cultivadas.
O local ofereceu várias oportunidades de projeto. Uma topografia inclinada permitiu a criação de um sistema de coleta de água da chuva para sustentar as práticas agrícolas existentes. Uma queda íngreme de quatro metros precedida por terreno plano permitiu que o volume fosse inserido na paisagem com o mínimo de corte. O lado sul é escavado ao longo dessa topografia, mitigando o ganho de calor, enquanto o lado norte se abre para a paisagem e aproveita a luz. Os telhados são preenchidos com vegetação, conferindo uma sensação de continuidade à paisagem, aumentando a massa térmica, mantendo os espaços abaixo frescos e oferecendo oportunidades para a agricultura de pequena escala acima.
A ideia começou com cavernas multifuncionais inseridas na terra, como ruínas inacabadas planejadas em torno das árvores existentes, que eventualmente ao longo dos anos, tornar-se-iam parte da natureza.
Os materiais utilizados são todos de origem local, com um impacto mínimo. As grandes pedras escavadas do terreno foram utilizadas para a parede de contenção, enquanto as pedras menores e seixos foram utilizados como material de piso nos pátios. A construção empregou pedreiros locais, artistas e artesãos da vila de Kaggalipura como forma de construção comunitária.
Tijolos foram obtidos de uma vila próxima em sua forma inacabada; as juntas de argamassa foram preenchidas com uma mistura de cal, terra e uso mínimo de concreto; a intenção era manter as paredes de tijolos como uma parede principal de carga em sua forma crua, robusta e exposta, sem qualquer reboco.
O programa inteiro, construído e não construído, foi imaginado como multifuncional e pode ser usado para muitas atividades ao longo do tempo.
As necessidades iniciais do cliente para uma casa de campo, que seria usada ocasionalmente, não justificavam a construção em tal escala, por isso, foram feitas sugestões para alterar o briefing. Em vez disso, os espaços são projetados para serem flexíveis e abrigar várias funções, cumprindo um dos principais objetivos do projeto que é apoiar a comunidade local e suas atividades. A configuração permite, portanto, que as funções ocorram dentro das "cavernas" e se espalhem pelos pátios abertos. Por exemplo, aulas para crianças da escola local podem ser realizadas dentro das cavernas, enquanto os pátios abertos podem ser usados como espaços para comer e brincar. Além disso, o pátio aberto pode fazer a transição entre a sala de aula e o terreno livre ao norte, com as escadas se tornando bancos para observação. Em outro exemplo, pode-se assumir programas para apoiar os prósperos artesãos e artesãs locais. Com seus nichos, o corredor norte poderia se tornar um espaço expositivo para o trabalho dos artesãos, enquanto as cavernas e os pátios abertos se tornariam oficinas onde eles podem praticar, ensinar e vender seus trabalhos.
O construído e o não construído se complementam, os espaços não construídos, na forma de vazios imaginados ao redor das árvores existentes, podem ser usados para várias atividades adicionais como uma estadia familiar, uma pré-escola ou uma escola primária. As pessoas da comunidade podem usar esses espaços para atividades ou encontros comunitários ou também podem servir como uma residência onde os artistas próximos podem compartilhar suas habilidades e conhecimentos em artesanato com as pessoas da região.